Como conciliar o surf na gravidez
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Arte por @carol.fazarte
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_quando começou sua relação com o surf?
Eu comecei a surfar relativamente tarde, aos 24 anos, porque sempre tinha vontade, mas faltava oportunidade.
Conversei com uma amiga na época que fazia escolinha (como é importante termos alguma referência feminina) e tinha começado um namoro com uma pessoa que também tinha vontade de aprender. Unimos o útil ao agradável e resolvemos começar juntos essa jornada que nunca mais teve fim!
_o que você lembra de pensar ou reagir quando descobriu que estava grávida?
Eu engravidei do meu primeiro filho aos 31. Não foi planejado, então rolou um leve pânico, um medo de minha vida "acabar", medo de não poder mais surfar, de minha carreira terminar e coisas do tipo.
Lembro que a minha primeira obstetra disse que eu não podia surfar grávida, e eu fiquei super frustrada.
Precisei mudar por motivos pessoais e a segunda médica (que me acompanhou até o final) disse: você confia no seu surf? Pode surfar! Adapte-se para não cair, não levar tombos na barriga, não ficar em apneia e se joga!
Eu estudei bastante, pesquisei mulheres que surfaram grávidas, entendi quais eram os limites e adaptei minha prática. Comecei a usar uma prancha 6'4, com muita borda, que me permitia uma flutuação muito maior e estabilidade, exigindo menos esforço no drop inclusive, mudei o local que eu surfava pra um mar que é muito mais fácil, as ondas mais gordinhas e só entrava no mar quando eu avaliava que estava tranquilo, menor, etc.
Se o mar estava grande ou muito mexido e eu sentia que tinha risco de vaca ou bater a prancha, eu entrava pra um mergulho sem prancha mesmo e ficava na areia tomando meu sol!
_até quantos meses da gravidez você surfou?
Eu surfei até o final do sétimo mês, quando a barriga já estava realmente grande e já não confiava mais no meu equilíbrio. Meu marido nesse finalzinho ia sempre comigo, eu entrava no mar de joelhos e ele me empurrava pra entrar nas ondas, porque já não conseguia mais remar sozinha...
_e depois do parto, como foi voltar a surfar?
Voltei a surfar no fim do resguardo, meados do segundo mês. Mas tudo foi diferente nesse momento... Ia somente uma ou duas vezes por semana, ficava só 40 minutinhos no mar porque meu filho ainda mamava exclusivo.
No início eu me cobrava, achava que nunca mais ia ter o mesmo desempenho e ficava mais temerosa. Mas com pouco tempo fui relaxando de novo e entrava sem cobranças, pra me divertir... Isso fez toda diferença!
Agora estou grávida do meu segundo filho e permaneço surfando nessas mesmas condições... A gente descobre que o surf, uma vez que se aprende, fica registrado no corpo e no coração. Basta um pouco de prática e tudo volta!
_queremos saber: 3 coisas que você não pensa ou não te contam antes de ser mãe ahahahah
1) Como é bom ter tempo livre, poder surfar a qualquer hora e só me preocupar com minha própria rotina.
2) Uma noite inteira de sono é MUITO bom e restaurador.
3) Se divertir é fundamental. Quando viramos mães, nosso tempo de prática de divide com muitas coisas mais, e acaba ficando extremamente reduzido. Se a gente cobra evolução e performance no mar, a chance de se frustrar é enorme e aquilo vira mais um estresse! Se divertir é a saída! A evolução vem com o tempo e é só uma consequência!
_qual foi a mudança mais intrínseca ou o maior aprendizado que você sentiu depois de ser mãe?
Eu aprendi o real significado do amor e da abnegação. Mais que isso, aprendi que para amar não tenho que me abandonar.
Pelo contrário, manter momentos meus, minhas práticas, meu surf, estudos, meus encontros com amigos, só me mantém mais inteira e feliz para amar com o melhor de mim.
Beijos e boas ondas,
Bruna
Leia também: Mitos e verdades: surf, gravidez e maternidade
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